Dr. Júlio Neves comenta sobre a realidade da Terapia Intensiva na Bahia
Caros colegas,
Aproximando-se de completar 30 anos no exercício da Medicina Intensiva, foi com muita satisfação que recebi o convite do nosso presidente, Dr Amadeu Martinez Silvoso, para vos comunicar neste breve espaço. Ao longo destes anos, aqui no nosso Estado, pude perceber que a especialidade da Medicina Intensiva, que no seu início na Bahia era exercida por poucos colegas abnegados, e agregados em ilhas que correspondiam aos seus hospitais de atuação, a ser uma especialidade que hoje abrange todo o Estado, e é muito bem representada localmente e nacionalmente, nas capitais e no interior, contando com excelentes profissionais de destaque nacional e mesmo internacional.
Do ponto de vista da Medicina pública, de cerca de oito anos para cá houve um crescente investimento governamental que resultou na ampliação do número de leitos, contratação e qualificação profissional. Há de se ressaltar, entretanto, que ainda existe uma insuficiência numérica destes, que no meu entender nunca será equacionada se não for estabelecida uma política racional e ética para a admissão de pacientes em UTIs públicas.
Os hospitais particulares, na capital e no interior vem respondendo a esta crescente demanda de complexidade dos pacientes internados. A cada ano, novas unidades são criadas. Unidades especializadas vem também crescendo em número e representatividade.
É crescente no nosso estado a qualidade dos profissionais em Terapia Intensiva. Entretanto, grande parte destes profissionais não vem acompanhando a velocidade do conhecimento a ser adquirido, levando-se em conta o principal tema em Medicina Intensiva hoje em dia que é a segurança dos pacientes. Apesar dos razoáveis honorários pagos, a ida a congressos internacionais ou mesmo cursos, congressos e especializações e simpósios aqui mesmo no nosso Estado, a presença está reservada a um pequeno grupo, diante de tantos profissionais aqui existentes, aí incluindo as diversas categorias.
É diante desta questão que ressalto e louvo o trabalho da AMIB a nível nacional com a ampla gama de cursos e conexões habilitadas através do próprio website e agora a SOTIBA, reformulando totalmente sua página e possibilitando a seus associados uma maior interação e democratização da veloz aquisição do conhecimento por mim supracitado.
Uma nova revolução, no meu entender e na minha inicial experiência, se descortina como um desafio e um aliado da Medicina Intensiva é o uso de Ecografia no nosso ambiente. Múltiplas e inúmeras indicações e benefícios para seu uso vem sendo descritas dia após dia. Em recente estudo, mostrou-se que está técnica é capaz de modificar a conduta de um em quatro pacientes graves internados numa UTI. Aí também a SOTIBA cumpriu seu papel, trazendo para nós o ECOTIN, possibilitando a mais de 30 profissionais multiplicadores, o aprendizado desta técnica. Também no cuidado do paciente grave existe uma tendência atual do médico intensivista fazer e acompanhar procedimentos só antes reservados a especialistas de sobreaviso. É notório o prejuízo aos pacientes quando este atendimento não é promovido de forma imediata e linear e sob a ótica do intensivista. Precisamos avançar mais nesta esfera.
Encerro assim, novamente, parabenizando o nosso Presidente, pela iniciativa de renovar o website da SOTIBA e convoco todos para juntarmo-nos e dar a nossa contribuição.
Abraço a todos e muito obrigado
Julio Leal Bandeira Neves